O uso de antibióticos e hormônios na carne vermelha

LUIS FERNANDO BUCK E MARIA TEREZA CASULLI

No último dia 12 de abril, o jornal “O Estado de São Paulo” publicou uma matéria com o título “Resistência crescente aos antibióticos vira desafio para a saúde pública”. Nela, temos a citação de Otto Cars, professor da Universidade de Upsala, Suécia, que diz: “Estamos enfrentando não apenas uma epidemia, mas uma pandemia de resistência aos antibióticos”. Os fatores citados são o uso indiscriminado
desse tipo de produto, a automedicação, as prescrições incorretas e o declínio nas pesquisas de novos produtos que estão levando a uma crescente resistência
bacteriana. Além desses fatores citados, temos um no qual não pensamos muito: através da alimentação também podemos receber resíduos de antibióticos.
Vejamos: o tratamento usado para manter a saúde do gado inclui antibióticos, vermífugos e outros medicamentos específicos. O resíduo desses primeiros, por exemplo, é retido no animal e absorvido pelo organismo humano através da carne, do leite e dos laticínios. Além disso, não temos a total garantia de que os
hormônios femininos do tipo anabolizante, proibidos por lei, não sejam usados para a engorda do gado. Embora não sejam totalmente conhecidas as consequências, sabe-se que o acúmulo residual interfere no sutil equilíbrio hormonal dos usuários, carne vermelha O uso de antibióticos e hormônios na tem efeito cumulativo nos tecidos gordurosos e está associado a tumores mamários, uterinos, testiculares, assim como à impotência sexual. Além disso, antecipa a menarca, que acontece por volta dos 9 anos de idade. Hoje em dia, com a criação animal voltada para produzir animais com maior peso, seu teor de gordura também é alto. O animal selvagem que o homem primitivo
comia tinha um percentual de gordura entre 3 a 4%; hoje, os animais domésticos, criados artificialmente, apresentam até 30% de gordura. Como uma das consequências, as doenças crônicas, incluindo as do coração, são graves e existem evidências que indicam a importância da alimentação na prevenção das mesmas.
Estamos vivendo um paradoxo: para vivermos precisamos nos alimentar, e o alimento está nos matando, com os resíduos de antibióticos, hormônios, medicamentos veterinários e outros. Contudo, poderemos ganhar em saúde ao substituirmos
a carne vermelha por peixes, ovos, frango e soja orgânicos, e diferentes sementes oleaginosas como a castanha-de-caju, as nozes, as amêndoas etc. E ainda, podemos limitar seu consumo por pequenas porções duas vezes na semana. Pense bem e promova
a saúde.

(FONTE BIBLIOGRÁFICA: NUTRIÇÃO VITAL: uma
abordagem holística da alimentação e saúde / Soraya Terra
Revista Izunome Maio/2009